Inventing Anna X Vips: A prova que Marcelo Nascimento já estava muito à frente de Anna Delvey

Na última semana, a minissérie da Netflix entrou no Top 10 BR deste a sua estreia em 11 de Fevereiro.

A série conta a história de Anna Sorokin (conhecida pelo nome falso Anna Delvey) uma jovem que deu golpes em bancos e milionários de Nova York.

Presa em 2017, Anna, a jovem russa, se mudou para Nova York e fingiu ser uma herdeira alemã para aplicar golpes. Ganhou fama mundial com a repercussão do caso e assédio da mídia por sua tamanha irreverência, inspirando a série Inventig Anna (2022) da Netflix interpretada por Julia Garner.

| Trailer Oficial de Inventando Anna (2022) Netflix.

Apesar da história no mínimo impressionante, nós brasileiros temos o nosso próprio golpista, que se quisesse, teria ganhado o mundo e ainda teria culhões para sair pilotando qualquer avião, saiba como a seguir.

Quem é marcelo nascimento?

Ou eu posso chamar de "Filho do Dono da Gol?" Marcelo Nascimento da Rocha já foi filho do dono da Gol, guitarrista do Engenheiros do Hawaii, líder do PCC, entre outras dezenas de identidades falsas.

Reprodução: Marcelo Nascimento (à esquerda) e Amaury Júnior no Recifolia nos anos 2000.

Um dos seus primeiros golpes, ainda adolescente, Marcelo se passou por diversas vezes como filho ou parentes de donos de companhias de ônibus. Em um desses golpes, ele pegou o itinerário entre Curitiba e Porto Alegre, enganando o motorista ao alegar ser sobrinho do proprietário da companhia Pluma e chegou a ficar hospedado na filial da empresa no Rio Grande do Sul até ser descoberto.

Aos 16, passou a assessorar policiais civis do Paraná. Essa experiência o fez adquirir conhecimentos avançados sobre a atividade policial, inclusive termos técnicos, jargões e linguagem típica da polícia.

Se passou por um policial (e foi descoberto) para poder se hospedar alguns dias na praia assumindo a identidade de um oficial do Grupo T.I.G.R.E., um Batalhão de Operações Especiais Táticas da Polícia Civil do Paraná, se aproveitando do fato de que seus integrantes são protegidos pelo anonimato e encapuzados quando em atuação.

Aos 18 anos foi servir no Exército Brasileiro e mesmo lá realizou alguns golpes,

Chegou a se passar diversas vezes por repórter de emissora de televisão e a se passar por DJ, tendo viajado por todo o Estado, além de dar entrevistas em emissoras locais.

Também assumiu a identidade de músicos de bandas consagradas na época, como o Nenhum de Nós.

Na década de 1990, teve atividade no narcotráfico, chegou a enganar uma patrulha do DEA na Colômbia, PINTANDO UM AVIÃO DE PRETO PARA PASSAR À NOITE ENTRE AS FRONTEIRAS DOS PAÍSES COM CARREGAMENTOS DE DROGAS.

Algumas SEMELHANÇAS ENTRE ANNA DELVEY E MARCELO NASCIMENTO:

A maior façanha de Marcelo começa a tomar conhecimento público em 2001 quando um amigo chega em diversas modelos no camarote do Recifolia dizendo que Marcelo era Henrique Constantino, um dos filhos do dono da Gol Linhas Aéreas.

Nessa oportunidade em que enganou celebridades como Amaury Jr., Ricardo Macchi, Marcos Frota e Carolina Dieckmann, Marcelo fez em dias o que Anna Delvey fez em meses.

1. O jatinho roubado por anna x o avião pilotado por marcelo:

Em uma passagem rápida da série, Anna praticamente rouba um jatinho para ir no evento de Warren Buffett em Omaha.

Na série, Anna manda uma mensagem ao dono da companhia de jatinhos que aparentemente conheceu em um evento. Ele instrui os funcionários a darem todo o suporte necessário à Anna, porém, no dia da viagem, Anna (como sempre) não apresenta nenhuma opção de pagamento e receosos, os funcionários basicamente autorizam o jatinho decolar após gritos nervosos de Anna.

E Marcelo? Qual a semelhança?

Marcelo era fã de aviões e sonhava em ser piloto. No esquema do Narcotráfico, Marcelo contou que agentes corruptos da aeronáutica o ensinaram a pilotar aviões contanto que ele ajudasse no esquema de tráfico de drogas.

No episódio do Recifolia, Marcelo conta que uma modelo precisava ir urgente voltar para a capital de São Paulo. Assim, como Anna, na base do grito e dizendo que era filho do dono da Gol, conseguiu que ela embarcasse de última hora apenas com um telefonema.

Além disso, nesse mesmo período do evento, Marcelo chegou a pilotar um jato emprestado com celebridades Amaury Jr. e Ricardo Macchi dentro.

Tudo caiu na minha mão. Tava dando tudo tão certo que eu nem aguentava mais. “Tá de carro?” “Não.” “Ah, então pega minha BMW aqui.” “Eu quero ir à festa. Tem heliporto?” “Tem. Pega meu helicóptero.” Daí vinha outro: “Porra, também tenho helicóptero, pega o meu.” Não vou pegar? Claro que vou. - Disse Marcelo em entrevista à Revista Trip.

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2. ME EMPRESTA O SEU CARTÃO DE CRÉDITO?

Na série, um dos maiores destaques foi a viagem à Marrakech, Marrocos de Rachel, Kacy e Anna.

Anna, como sempre, esbanjava o que podia dentro do hotel. Porém, em dado momento, seu cartão obviamente não passou. Rachel, desesperada, coloca seu cartão corporativo da Vanity Fair como garantia no hotel. Obviamente isso deu errado, a considerar que Anna não pagou a conta e o débito de $62 mil dólares aconteceu ao seu cartão corporativo.

Marcelo havia convidado vários artistas e subcelebridades para um evento em São Paulo. Marcelo combinou de encontrar todos em um aeroporto.

Obviamente, não tinha nenhum avião preparado para ele e seus convidados, ele até tentou conseguir um, mas não conseguiu.

Nessa situação, quem salvou a pele de Marcelo, foi Ricardo Macchi.

Marcelo pediu que Ricardo pagasse a passagem de todos os 40 convidados e disse que ele não precisaria se preocupar, já que os fundos seriam liberados e o reembolso aconteceria.

Ricardo foi salvo quase que imediatamente porque nessa ocasião, Marcelo foi pego pela Polícia Federal.

VEJA O ARTIGO ORIGINAL SOBRE ANNA DELVEY ESCRITO PELA JORNALISTA NA ÉPOCA CLICANDO AQUI

3.Hospedagens de Graça à todo custo

Em "Inventando Anna", vemos a personagem pulando de hotel em hotel e claro, nunca pagando a conta. As desculpas para abandonar os hotéis são inúmeras, quase sempre criticando a qualidade da hospedagem.

Malas e itens pessoais confiscados se repetem cerca de 3 vezes durante a minissérie e confesso que fiquei desesperado nesses momentos ao imaginar se fosse comigo!

Na história de Marcelo, ele também se hospedava em vários hotéis. A diferença está em qual momento seu drible de golpista precisava agir:

Enquanto Anna driblava para evitar o pagamento, Marcelo driblava sobre qual personagem ele seria para que pudesse entrar no hotel.

Para conseguir aproveitar diversas regalias em hotéis, Marcelo se passou por sobrinho do dono da Pluma (companhia de ônibus de viagens), integrante da banda Engenheiros do Havaí e Policial Civil.

4. "De certa forma, o crime compensa..."

Essa foi a fala de Anna Sorokin ao ser entrevistada. Em números, Anna recebeu da gigante Netflix, cerca de $320 mil dólares, algo em torno de R$1,8 milhões de reais, parte desse valor fica em um fundo de proteção à vítimas que aparentemente já cobrou o que ela deve.

Anna teve sua história vendida para a Netflix de forma vitalícia e atuou como consultora sobre o projeto de acordo com a CrustyDusty.com.

Já Marcelo, teve sua história transformada em livro e documentário pela incrível Mariana Caltabiano, escritora, diretora e roteirista que contou a história de Marcelo de forma brilhante, com detalhes impressionantes e descobertas de tirar o fôlego do começo ao fim.

Além disso, a história de Marcelo também virou filme e seu personagem foi interpretado por Wagner Moura.

ASSISTA AO DOCUMENTÁRIO: VIPS - HISTÓRIAS REAIS DE UM MENTIROSO

Como Ricardo Macchi disse: "Ele só foi aceito porque falaram que ele era dono da Gol" porque naquele momento, a questão estética de Marcelo não estava a seu favor e complementou dizendo ser uma futilidade enorme da sociedade.

Claramente eu concordo, é uma enorme futilidade e algo péssimo presente ainda hoje na sociedade, mas não vou entrar nesse mérito.

Anna tinha, em tese, o "padrão estético" ao seu favor e a lábia que precisava.

Amaury Jr. diz no documentário de Mariana Caltabiano, que tudo se encaixava para ele, principalmente as coincidências. Para Anna também, alguns fatores favoreciam a golpista.

No final das contas, vejo que pessoas fúteis e interesseiras são tão ruins quanto os golpistas desta matéria. Elas enganam, de certa forma, com amizades por interesse, falsos sentimentos e demonstram serem pessoas confiáveis e por fim, acabam merecendo o triste destino de serem exploradas.

Para esse olhar, finalizo com três frases de impacto: Quem má cama faz, nela se deita. Tudo o que vai, volta. O mundo não gira, ele capota.